Errol Schwartz topou produzir um curta pelo celular e foi premiado pelo drama Magic Bullet. (Foto – Reprodução)
O cinema africano vem ganhando espaço com suas produções. “Nollywood”, o pólo cinematográfico da Nigéria que já é considerado o segundo maior do mundo (atrás apenas da Índia), e outros menores como “Gollywood”, de Gana, ou “Hillywood”, de Ruanda, além de gerar emprego e renda, dão voz, luz, câmera e ação ao povo africano para contar suas histórias.
Paralelamente às grandes produções, cresce também filmes de baixo orçamento, independentes, onde a criatividade ultrapassa os limites de recursos. Exemplos são os ganhadores do 4º IPhone Film Festival, Nick Asgill e Errol Schwatz, que com um celular na mão e muitas ideias na cabeça mostraram que também fazem cinema.
O diretor sul-africano Errol Schwartz levou o prêmio com seu filme “Magic Bullet”, um curta adaptado de “The Cure”- um roteiro que Schwartz escreveu em 2010. No processo de procurar fundos para o filme, decidiu fazer um curta e torcer para atrair investidores. Schwartz escreveu, dirigiu e protagonizou o curta vencedor, que fala sobre a cura do HIV e AIDS e os interesses antagônicos da indústria farmacêutica. Com um bom roteiro, personagens atraentes e celular na mão, Magic Bullet foi o grande ganhador do 4º IPhone Film Festival.
Nick Asgill foi agraciado por seu trabalho no filme Routes to my Rootz, que retrata sua volta para Serra Leoa. (Foto – Reprodução)
O outro vencedor, Nicholas Asgill, nasceu em Freetown, capital e maior cidade de Serra Leoa, e, em 1999, em decorrência dos conflitos que assolavam o país, deixou sua terra natal. Décadas depois de sua emigração, Nicholas registrou sua experiência ao retornar a Serra Leoa pela primeira vez. “Routes to my Rootz” retrata de maneira sutil, politizada e sensível sua volta ao país e lhe rendeu o prêmio na categoria de Melhor Trailer do 4º IPhone Film Festival. O trailer vencedor foi só um anuncio do que está por vir, o filme completo “Routes for my Rootz” é esperado para Junho de 2016.
Nick Asgill tem uma visão crítica acerca da importância da cena independente no país. Em entrevista a revista Salonejamborree, de Serra Leoa, Asgil adverte para a importância de outras mídias locais, dizendo que “O filme é muito importante para mim porque é o tipo de vídeo jornalismo independente que precisamos para colocar nosso país a frente, nos opondo à exposição patrocinada mais comum: BBC/ AL Jazera, que normalmente serve ao interesse dos chefes da mídia internacional. O autor também comenta que “seguindo em frente, gostaria de fazer filmes mais positivos sobre Serra Leoa, mostrando vidas como dos meninos de Okada, juventude, etc.”.
O IPhone Film Festival, desde sua criação em 2010, já passa dos 1000 filmes de mais de 50 países e é uma saída para cineastas talentosos como Schwartz e Asgill mostrarem seu trabalho para um público global. Com o intuito de encorajar novos artistas criativos oferece apoio e motivação para criar obras-primas visualmente atraentes e engajadas. As regras para participar são simples, o mais importante é que 70% do filme seja feito pelo celular. São através desses festivais que mídias alternativas ganham força, vozes distintas são ouvidas e historias reais são contadas com produtores, diretores e artistas da própria história.
Assista os filmes vencedores: